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Cultura de Segurança – Aprendizados e Expectativas

Cultura de Segurança - Aprendizados 2020 e Expectativas 2021

Tiago Duran, especialista em Gerenciamento de Crise e Continuidade de Negócio e colaborador da Comunidade Cultura da Segurança Brasil, reflete, com sua experiência no setor, uma visão de futuro próximo, ainda na pandemia.

Em suas contribuições anteriores para o blog Cultura de Segurança Brasil, Tiago sempre enfatizou a preparação, o planejamento prévio e a análise das possíveis situações de crise. Para ele, esse tipo de comportamento já vem ocorrendo nas grandes empresas.

A própria pandemia e outros eventos, como o caso do Carrefour, acendem o alerta juntos aos líderes das empresas, expondo fragilidades nas operações e os problemas nas estratégias de resposta à crise. Esses eventos atuais acabem sendo uma fonte enorme de aprendizado para o setor de segurança, gestão de crise e continuidade de negócios pois, além de evidenciar em tempo real os impactos, demonstram claramente a necessidade de estar preparado para as situações de crise de qualquer natureza.

Em relação a um possível retorno à normalidade, Tiago acredita que durante a pandemia houve uma mudança cultural na visão de segurança e na prevenção de crises dentro das empresas.

A duração da crise trouxe a necessidade de ações e decisões rápidas, revisão de estratégias e ativação de contingências para fazer grandes mudanças em um curto espaço de tempo. Tornou-se imprescindível as empresas estarem preparadas de maneira robusta, com uma estrutura para suportar suas operações em contingência por um período ainda indefinido. Isso evidencia todo o trabalho de pregação que fazemos sobre a cultura de segurança e gestão de crises. 

Entre as preocupações e ações práticas nos processos de segurança para um futuro próximo, Tiago ressalta a segurança da informação como uma das maiores nessa nova rotina de trabalho. Os dados circulam em ambientes que fogem ao controle das empresas e todos os procedimentos de segurança tiveram que ser alterados e reforçados. Não apenas a troca de dados via rede, mas também o ambiente em que o colaborador está, quem está ouvindo suas conversas, quem está acompanhando suas telas, etc.

Mas as empresas se preparam para responder e legislações foram criadas para acelerar esse processo. A LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados do Brasil) e a resolução 4658 que define a necessidade de criação de uma política de segurança cibernética e exige o desenvolvimento de planos de ação e de respostas a incidentes, além de estabelecer requisitos para contratação de serviços em nuvem, vem ajudando a fomentar a questão da segurança da informação tanto na visão do regulador como do cliente.

Este, porém, é só um dos fatores que causam maior preocupação a longo prazo.

Quando falamos de gestão de pessoas, comunicação, trabalho em equipe, formação dos profissionais, relacionamento entre as áreas, tudo mudou drasticamente e as estratégias para adequação à atual realidade ainda estão sendo formuladas. Os impactos ainda não são totalmente conhecidos para questões como problemas de gestão, formação dos novos colaboradores que entram na empresa, compartilhamento de conhecimento, ou mesmo o fator de turnover, com o risco de perder um time inteiro ou uma pessoa chave por conta da doença, ou pela própria insatisfação do funcionário.

Especificamente no caso do Brasil, mesmo com o impacto da pandemia, ainda não vemos uma mudança mais drástica na Cultura de Segurança, o tema ainda caminha vagarosamente. Quando se fala de prevenção em relação à cultura de segurança, tudo no país é lento. Já é possível observar algumas mudanças, principalmente nas grandes empresas, mas ainda estamos muito amarrados ao pensamento de que “isso não vai acontecer de novo”.

Na história do Brasil, já passamos por muitas situações de crise. Recentemente, a maior parte das cidades do Amapá enfrentou problemas no fornecimento de energia, que impactou o abastecimento de água, o comércio, o armazenamento de perecíveis, serviços de telefonia e internet, entre outros. Não foi o primeiro apagão que enfrentamos e mesmo assim nenhuma lição foi aprendida e aplicada para evitar situações como essa. Essa crise energética é mais uma das que poderiam ter sido evitadas.

“Ainda temos dificuldade de aprender com as lições do passado.” – conclui.

Sobre a tomada de consciência referente a prevenção de crises no Brasil, Tiago aponta que existem muitos exemplos de eventos de crise em que são possíveis mostrar as mais variadas origens de problemas, como eles poderiam ter sido evitados, quais ações foram acertadas ou equivocadas, as consequências de cada ação, repercussão, etc.

O que falta é trazer essa cultura para todos os níveis nas empresas. A conversa sobre segurança, continuidade e crise tem que estar no material de formação dos colaboradores. Analisar os riscos, ter atenção à segurança, pensar nas contingências do seu negócio e saber o que fazer durante as crises, têm que fazer parte do comportamento padrão e ser responsabilidade de todos os colaboradores dentro da empresa. Isso vale tanto para a multinacional como para a loja da esquina. O Carrefour, por exemplo, passou por situações críticas em um curto período, e poderia ter tirado lições dessas experiências para prevenir e se preparar para responder às crises como essa última.

Quanto ao futuro da Cultura de Segurança no Brasil, Tiago acredita que “temos um caminho árduo pela frente, uma estrada longa, mas com cada vez mais profissionais capacitados na área para trilhar esse caminho. Temos muitas publicações para aprender e, utilizando os meios de comunicação disponíveis atualmente, existem várias oportunidades para compartilhar informações e disponibilizá-las para quem está em formação.”

A mudança de cultura é complexa no país, porém o diálogo sobre o tema está em diversos grupos e em diversas frentes, trazendo uma expectativa positiva para uma mudança abrangente, tanto no setor privado como no público.

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