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Então basta colocar segurança dentro e fora das escolas, para evitar os ataques?

É claro que é importante dispor de pessoas preparadas e equipamentos (como sirenes de alerta, câmeras, controles de acesso, etc.), para evitar que as instituições de ensino sejam assoladas por ataques externos.

Mas essa é uma frente direcionada somente à um aspecto do processo: a resposta. Trata-se da reação, frente ao ocorrido. Antes disso, há um intenso e muito importante trabalho a ser feito, na raiz do problema.

Daniel Cara, dirigente da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e um dos 22 coordenadores do Grupo Temático de Educação do Gabinete de Transição do novo governo Federal, convocou 11 pesquisadoras e ativistas para elaborar o relatório “O extremismo de direita entre adolescentes e jovens no Brasil: ataques às escolas e alternativas para a ação governamental”, que foi publicado agora em 13/12/2022.

Segundo o documento, as grandes causas de atentados desse tipo são a maior facilidade de acesso às armas (em 4 dos atentados ocorridos os dispositivos utilizados estavam armazenados na casa dos atiradores) e, principalmente, a cooptação de adolescentes por grupos virtuais extremistas, que disseminam discurso de ódio pautados em um pensamento deturpado de “lei e ordem”, além de teores antiparlamentaristas, antipluralistas, anticomunistas, racistas, homofóbicos misóginos e xenofóbicos.

As pesquisadoras reiteram que é de extrema importância compreender o comportamento desses jovens e adolescentes, para solucionar o problema. Isso significa não só entender o ambiente virtual, mas os sinais comportamentais, como o interesse incomum por assuntos violentos, comportamentos e atitudes violentas, recusa de falar com professoras e gestoras mulheres, agressividade contra minorias e a exaltação a ataques em ambientes educacionais e religiosos.

Na perspectiva socioeducativa, o documento ressalta a necessidade de que a escola adote uma formação que combata o ultrarreacionarismo, estabelecendo um trabalho pedagógico de combate à desinformação e que aprimore a análise crítica de conteúdos midiáticos.

Portanto, além das medidas de prevenção e proteção dentro das escolas (como ampliação da segurança externa e patrimonial, instalação de dispositivos de segurança e treinamento das equipes) e um maior controle no acesso às armas de fogo, é necessário um profundo e contínuo trabalho de base, que amplie o serviço de apoio à saúde mental, implante ações pedagógicas de combate à cultura da violência (por meio de projetos antibullying e de desconstrução dos discursos de ódio).

Há um longo caminho pela frente, mas podemos, todos, nos unir nesse propósito de proteger os ambientes de educação.

Por Sarah Miranda

Especialista de Comunicação da Cosafe LATAM

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