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Intolerância nas Escolas: um reflexo do macro no micro

Nos últimos tempos, temos visto nas mídias inúmeros casos de intolerância explícita, acontecendo em escolas e universidades. A onda do bullying político tomou conta de corredores e grupos de whatsapp de diversos colégios:

Em um, 8 alunos foram suspensos após gravarem um vídeo em que um deles urinava em uma bandeira do PT com o rosto de Lula.

Em outro, alunos de verde e amarelo estenderam bandeiras do Brasil e gritaram “Lula Ladrão, seu lugar é na prisão”.

Em outra instituição, duas estudantes vestidas de vermelho receberam vaias e insultos e até uma cusparada, de alunos vestidos de verde e amarelo.

Estudantes de uma outra escola fizeram uma live com falas gordofóbicas e xenofóbicas contra nordestinos, professores de escolas públicas, pessoas em situação de vulnerabilidade e, especialmente, aos eleitores de Lula, vencedor das eleições à Presidência do País.

E outro local, uma aluna bolsista comemorou o resultado eleitoral do domingo em um grupo de WhatsApp e recebeu críticas, insultos e ofensas relacionadas inclusive à sua situação econômica-social e escolha partidária.

E por fim, em uma outra escola um grupo de estudantes proferiu, por whatsapp, insultos racistas e de ódio a um estudante negro. O teor continha também referências ao nazismo e a ditadores como Adolf Hitler e Benito Mussolini.

E as manifestações de cunho preconceituoso e discriminatório não se reduzem ao âmbito político: recentemente, viralizou um vídeo em que a torcida dos alunos de um curso de medicina provocava os adversários, cantando “Eu sou playboy, não tenho culpa se seu pai é motoboy”. As cenas provocaram revolta nas redes sociais.

Essas são algumas demonstrações da sociedade intolerante e doente na qual estamos inseridos. As crianças e jovens estão expressando, nos ambientes educacionais, aquilo que escutam, assistem e debatem em casa com suas famílias, nos círculos sociais que frequentam, etc. Estão reproduzindo no micro o que está evidenciado no macro.

É urgente que as instituições de ensino contemplem esse fenômeno social tanto em seus planos de Gestão de Crise quanto em seus projetos pedagógicos.

A situação é bem grave, pois estamos falando de valores éticos que norteiam (ou corroem) a construção de uma sociedade inclusiva, justa e plural. Um dos colégios colocou-se acertadamente: “nenhuma escola é uma ilha. Estamos inseridos em uma sociedade que se encontra em parte contaminada por dinâmicas disfuncionais”. A mãe de um dos alunos vitimizados pela situação, declarou: “A culpa não é só do colégio, é de toda a comunidade”.

Sim, esse é assunto de todos nós, como sociedade!

O que estamos fazendo e falando às (ou em frente às) nossas crianças?

É muito importante trazer embasamento histórico e social para que as crianças e jovens desenvolvam massa crítica para discutir, com propriedade e fundamentação, assuntos relacionados ao desenvolvimento da nossa sociedade e do nosso País. É preciso que conheçam a penosa jornada vivida pelos nossos antepassados brasileiros, que nos trouxe ao regime atual: uma República Federativa Presidencialista, constituída democraticamente por votação popular. É necessário que reconheçam o privilégio de ter frentes adversárias, para que possamos escolher, dentre elas, os governantes que representarão e defenderão nossos pleitos. Educação Política é necessária.

Mas mais do que isso, é crucial que os pais/responsáveis e as instituições de ensino se dediquem à elucidação (pelo discurso e pela prática) de que qualquer caminho sólido e longevo é construído por meio do diálogo, da construção em conjunto e do respeito, empatia e convivência harmoniosa entre pessoas com experiências e visões de mundo diferentes. Que a capacidade educativa, tanto de dentro de casa quando nas escolas e universidades, dê às crianças e jovens os subsídios para as boas relações e práticas éticas, consolidando neles valores essenciais e constituintes.

Discursos de ódio, discriminação e preconceitos, de qualquer natureza, não podem ser tolerados, pois minam nosso senso de comunidade e humanidade! Mas não se trata de punir. Estamos falando muito mais de educar e formar seres humanos capazes de colaborar para a evolução do coletivo, fundamentados em bases de respeito e inclusão. Só assim, não teremos falhado miseravelmente no papel de educadores.

Aqui, estamos propondo atuar na gestão de uma crise que, se não for cuidada, será de proporções gigantescas: a da nossa sociedade! Precisamos agir no micro, para que se reflita no macro.

Vamos começar?

Por Sarah Miranda

Especialista de Comunicação da Cosafe LATAM

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