O especialista Thiago Biermann dá dicas sobre como grandes empresas podem lidar com acidentes graves.
O Gerenciamento de Risco é uma estratégia relevante para qualquer empresa, independentemente de seu ramo de negócio.
Entretanto, empresas que lidam com produtos ou serviços que envolvem risco à segurança, ao meio ambiente e até mesmo a vida, são as que procuram o maior aprimoramento e aplicação efetiva do Gerenciamento de Crise em suas administrações.
Desde a antiguidade os humanos constroem barragens em rios para conter o enorme fluxo de água e, atualmente, a prática ainda é realizada também com o objetivo de gerar energia elétrica.
O risco de rompimento é iminente em todo o mundo, e há registros de acidentes como o que aconteceu no Brasil em muitos países porque existem questões climáticas e geográficas que interferem diretamente nessas estruturas.
Na indústria de produtos perigosos, como o petróleo, a precaução inicia desde o planejamento da extração do material, como ele será transportado e produzido.
Um acidente climático, como uma tempestade, pode levar um navio cheio de produto químico a derramar milhares de litros no oceano, como vimos recentemente no litoral nordestino.
Um caminhão com carga perigosa, como ácido (usado muito na indústria química), por exemplo, pode prejudicar tanto o meio ambiente quanto dezenas de pessoas, caso despeje o produto acidentalmente em alguma via, ou até mesmo causando uma explosão.
Os aeroportos também fazem parte dos ambientes com necessidade de uma alta gestão de risco. Isso porque qualquer acidente tem grandes chances de ser fatal.
Todas as empresas devem levar esse tipo de “imprevisto” em consideração ao elaborar uma estratégia de Análise de Risco.
Assim como as hidroelétricas, indústrias químicas, aeroportos e companhias aéreas, que estão o tempo todo expostas aos riscos climáticos, inerentes a qualquer plano de prevenção.
Mesmo que a sua empresa são seja de nenhum destes setores e pareça não incidir qualquer tipo de risco de grande impacto, é interessante estudar alguns exemplos para aplicá-los ao seu Gerenciamento de Crise.
Aprender com quem tem experiência em gestão de cenários críticos pode gerar muitos insights de aplicação, ainda que em outro ramo de negócio.
A importância do Gerenciamento de Crise em incidentes físicos
O Gerenciamento de Crise nestes casos é a estratégia mais importante para a Continuidade do Negócio.
Thiago Biermann é especialista em Gerenciamento de Crise nos setores de segurança e emergência, Bacharel em Relações Internacionais, já atuou em empresas de operações aéreas, aeroportuárias e de mineração.
Convidado pelo Blog da Segurança para falar sobre Gerenciamento de Crise em cenários críticos, ele dá dicas sobre a importância da prevenção e o que pode ser feito pela gestão nesses casos.
Veja a entrevista na íntegra:
Blog da Segurança: Gostaríamos de falar primeiramente sobre segurança e crises no setor aeroportuário. Neste ramo em que a questão da segurança é especialmente complexa, o que você acha que difere o setor dos demais?
Thiago Biermann: Devido sua sensibilidade e importância por ser a principal porta de entrada no país e extremamente influente na movimentação econômica do estado.
BS: Por que a segurança tem que ser vista com tanta atenção e quais passos você recomendaria para um bom gerenciamento de crise?
TB: Requer atenção por ser uma infraestrutura crítica de interesse de segurança nacional e recomendo a busca da análise de riscos, elaboração de planos de ação, criação do entendimento dos participantes através do estudo de cenários e mapeamento das atividades, e responsabilidades dos entes corporativos e operacionais envolvidos na solução da crise.
BS: Em razão da recessão econômica do país, como você pontua os impactos disto na segurança do setor aeroportuário?
TB: De fato, costumeiramente busca-se obter reduções de custo em momentos de crise, mas deve-se transformar o entendimento de custo em investimento, gerando oportunidades no âmbito financeiro e/ou estratégico
BS: Em sua opinião de especialista, quais ações podem tomadas para que a gestão da segurança, sendo um pilar tão importante do setor aeroportuário, não seja diretamente afetada?
TB: Uma gestão eficiente não trabalha “apagando incêndios”, ou seja, reativamente. Busca-se prever e antecipar-se a situações que possam levar à ruptura das operações normais e prejuízos a imagem da empresa. Deve-se fazer a gestão dos recursos materiais, humanos e tecnológicos, centralizar o comando e a comunicação, além de constantemente buscar mitigar ou eliminar os riscos de negócio, antes mesmo do evento ocorrer.
BS: Outra grande crise que presenciamos recentemente está ligada ao segmento de mineração, que trabalha na recuperação de áreas afetadas e tem um importante papel na sociedade, contribuindo para geração de empregos e desenvolvimento dos municípios. Como a gestão de risco trabalha nesses casos?
TB: As empresas trabalham de forma integrada com o poder público para garantir que novos eventos de grande impacto não ocorram, contudo, a cultura de prevenção e preparação para crises se fortaleceu e medidas mitigatórias são implementadas em fases menos críticas para garantir que não haja impacto à sociedade e ao meio ambiente.